quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cantora alemã de 16 anos é operada e se transforma na mais jovem transexual


MAURÍCIO HORTA
colaboração para a Folha de S.Paulo
05/02/2009 - 08h16

A cantora e modelo alemã Kim Petras, 16, explicou em seu blog por que passou tanto tempo sem dar notícias: esteve duas semanas no hospital, de onde saiu como a mais jovem transexual do mundo. "Tudo correu bem e por enquanto estou feliz", escreveu Kim em novembro --antes da operação, ela havia lançado o single "Fade Away" (desaparecer).

Kim começou a tomar hormônios femininos aos 12 anos, quando era Tim. "O caso, pioneiro, foi polêmico na Justiça alemã. O tratamento só poderia ser feito na maioridade, mas os médicos consultados concordaram", diz o psiquiatra Alexandre Saadeh, do Instituto de Psiquiatria do HC de São Paulo.

O transtorno de identidade de gênero pode começar aos três anos. "Mas nem toda pessoa será transexual", diz Saadeh. Por isso, é importante esperar que a personalidade esteja definida.
No Brasil, o tratamento hormonal é liberado aos 18 anos --"embora haja pessoas de 12 anos se automedicando com anticoncepcional", conta Saadeh. Para a cirurgia, o mínimo é 21 anos.

O ideal, segundo o psiquiatra, seria o tratamento hormonal antes de virem as características sexuais secundárias (como pelos).

A solução da Sociedade [Internacional] de Endocrinologia é que a puberdade seja bloqueada até os 16 anos. No Brasil, contudo, esse bloqueio não é permitido.

Comentário:

Se me permitem um comentário, não acho que ela tenha se tornado Transexual. Muito pelo contrário, deixou de sofrer com os dilemas da transexualidade. Provável que vá viver sua vida como qualquer outra menina de 16 anos e não sofrerá mais. É um pecado nos condenar aos rótulos da sexualidade. Hoje, provavelmente, Kim gostará de ser lembrada pela sua música e pelo fato de ser cantora, não por que passou por uma cirurgia de adequação corporal e agora sim ganhou o prêmio de ser "transexual". - E o que ela era antes, uma bicha louca querendo ser mulher? Não faz sentido!!

Se o Brasil permitesse que trabalhassemos com crianças Transexuais, muitos traumas e disturbios psicológicos seriam evitados. Provavelmente se repensaria a transexualidade não como sendo uma doença, um transtorno, e sim como um fenomeno natural, que optará pela transição quem quiser fazê-la, assim como a cirurgia, e seriamos respeitadas apenas como cidadãs, não mais fazendo "mudança de sexo", mas sim uma "adequação do sexo".

Temos muito o que caminhar. E que Kim possa viver sua vida agora, sendo quem ela realmente é... Kim, a cantora!

Beijos,
Alessandra Saraiva
Coordenadora do Terças Trans
APOGLBT-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário