sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Peculiaridade de Susan, A Feia


Todos viram na TV. Uma senhora com seus 47 anos, feia, gorda e que, sonhadora, pisou num programa de televisão para cantar e recebeu como boas-vindas uma saraivada de risos e comentários depreciativos. No minuto seguinte, colocou a todos de boca aberta, diante da sua voz incrível.

O fato fez-me pensar na pequenez do ser humano e mais propriamente na condição de nós transexuais. Não somos, na maioria das vezes, o exemplar padrão de mulher, por tantas e tantas questões – físicas ou estéticas – e por conta disto, colhemos tanto deboche social.

Que bom que a mesquinhez social vez ou outra leva seus escorregões, diante dos pré-julgamentos que escapam diante do que seria o padrão do bem-sucedido, do bem-apresentável.

A mim, é muito saboroso ver as pessoas tropeçarem em seus conceitos aparentemente estáveis. Incluo-me nisto também. È muito bom ver a des-montagem dos parâmetros que norteiam a noção de respeito ao outro.

E diante deste fato exemplar ocorrido com a Srta Susan Boyle, quão pequenos se tornam os “ajustes” de aparência que fazemos, os discursos de adequação estética que proferimos.

Fico aqui pensando EM QUÊ realmente eu devo me aplicar, para a celebração da minha feminilidade? Penso um pouco mais, e me vem à cabeça a alegria de ser autêntica e tipicamente eu mesma. Chego até a concluir, e concluo com tal realização, que devo sim me debruçar sobre o que eu tenho de peculiar – a minha capacidade, meu talento, um jeito especial para fazer muito bem determinada atividade.

E aí, eu me reporto a todas vocês. Longe de querer qualquer comparação, mesmo que vivamos expostas a isso o tempo todo, sejam AUTÊNTICAS. Exerçam satisfeitas, o direito de serem tipicamente o que são. O valor da peculiaridade é um atalho bem curto ao sucesso.

Beijos

Tânia Granussi
23/04/2009

QUER SABER QUEM É SUSAN BOYLE?
clique no link para ver o vídeo direto no You Tube
http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo

terça-feira, 14 de abril de 2009

REUNIÃO DE HOJE CANCELADA!!!




Bom dia a todxs,

Excepcionalmente hoje, dia 14 de abril, não haverá Terças Trans.

Devido a alguns problemas pessoais, precisei viajar para Manaus com urgência e estou com limitações no uso da internet.

Deste modo, não pude delegar a coordenação desta reunião a outra pessoa, como nos planos, surgindo então a necessidade de cancelar a atividade.

Estaremos reunidos no dia 28/04, data programada para próxima reunião.

Agradeço a compreensão de todxs e deixo meus abraços saudosos, aguardando vocês na próxima quinzena.

Atenciosamente,

Alessandra Saraiva
STT - APOGLBT-SP

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cometário de Débora ao texto de Renata Rebello

Dando continuidade as discussões, segue um texto escrito por Débora - PE, dando sua opinião sobre o texto de Renata Rebello. Para saber mais sobre a discussão, veja o resumo da reunião do dia 17 - Prostituição e Democracia mais abaixo e se quiser participar, mande sua opinião para ser publicada no T-Log Interativo do Terças Trans!

Meninas,

Li o texto da Renata e o que posso dizer (além do que já expressei anteriormente sobre o tema da prostituição) é que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Uma coisa é a prostituição ser reconhecida como prática profissional, outra coisa é esse tipo de serviço ser oferecido no site.

Eu sou totalmente favorável ao projeto do Gabeira, mas eu não quero ver minha filha se prostituindo, como o Gabeira também não quer isso para a filha dele. Como já disse, a prostituição é uma prática desumanizante que transforma seres humanos em objeto de consumo. Eu não quero pra mim, não quero pra minha mãe, não quero pra minha filha e não quero para nenhuma de vcs. Desejo a todas nós as práticas profissionais que conduzem ao crescimento humano e não à vitrine do mercado de carnes.

Agora, quem quiser ser prostituta por opção ou necessidade tem mais é que ter o amparo da lei e todos os seus direitos garantidos! Só não banquem, pelamordedeus, a Sinhá Moça que acha feio fazer juízo de valor sobre a realidade que nos cerca. Isso é lindo na novela das seis, mas na vida real é o cúmulo da ingenuidade.

É legítimo fazer juízo de valor sobre as coisas, não se vive em sociedade sem isso. Juízo de valor é diferente de preconceito. Além disso, dizer que não devemos fazer juízo de valor já é em si mesmo um juízo de valor: o juízo de que tudo nos convém.

A Renata diz "além da prostituição, que outro cenário social dá às travestis a possibilidade da autoestima? Em que outro contexto uma travesti consegue obter um elogio, um simples carinho?". Meu anjo, desse tipo de carinho e elogio eu tou correndo. Auto-estima é querer ser tratada como gente. As vacas leiteiras premiadas também recebem muitos elogios e carinhos dos seus proprietários, pois são ótimas mercadorias. Esse é o lugar que lhes é conferido.

Por fim, não se misturam alhos com bugalhos. Uma farmácia vende medicamentos, não vende feijão nem pneus. E isso não é preconceito com os feijões e pneus, pois a farmácia tem seus produtos e serviços específicos. Nào faria sentido vender feijões e pneus na farmácia. Seria amador, ingênuo e demonstraria uma total falta de planejamtno do negócio. Se eu entrasse numa farmácia que vendesse, entre os medicamentos, feijão e pneus, não compraria medicamentos lá, nem que eu estivesse tendo um troço.

Só pra encerrar, não há porque termos horror ao mérito. Eu acredito muito no mérito e a universidade pública tem me ensinando o valor que o mérito tem. A universidade nào é o paraíso, tem seus problemas, seus vícios administrativos, suas panelinhas, mas na universidade a gente precisa ter mérito para conseguir as coisas. Quer uma bolsa de iniciação científica? Recupere as reprovações que constam no seu currículo! Quer apresentar um trabalho na semana da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência? Submeta seu trabalho à banca para aprovaçào ou reprovaçào. Quer expor os resultados da sua pesquisa como bolsista no evento do CONIC? Submeta o seu relatório final à banca para aprovaçào ou reprovaçào.

Não há razão para termos horror ao mérito e amor à coitadice, tratando as TS profissionais do sexo como coitadinhas que devem anunciar seus serviços no novo site senào morrem à míngua. Ora, o site é para oferecer serviços de profissionais que tenham formação em alguma área? Então pronto. Se o critério é esse, nào há pq oferecer sexo. Quer oferecer serviços no site? Então se forme em alguma coisa. O SENAC tá cheio de cursos! Ah! Mas tem o preconceito dos alunos, dos professores. Pois é, eu também tive que costurar um acordo com a universidade para manter minha identidade em sigilo, fui lá na direçao e dei a cara à tapa. Consegui o acordo e não tive que dar pra ninguém por conta disso. Tive que me expor, mas não morri. Tou vivinha. Ah! Também fui no exército tirar carteira de reservista pra fazer minha matrícula na faculdade. Vejam bem, eu, já toda mulher, tive que ir sozinha NO EXÉRCITO tirar carteira de reservista no ambiente mais homofó bico e transfóbico que se pode imaginar. E não morri. Então chega de amor à coitadice e tenhamos mais amor ao mérito, pois de coitadas nós nào temos nada. Aliás, um amigo meu sempre diz: "toda coitada é uma peste!"

Estabeleçam critérios para a oferta dos currículos, criem metas e não confundam democracia com a casa da mãe Joana.

É isso.
beijos,
Débora/Amanda