terça-feira, 14 de julho de 2009

Sra Andréa Albertine



A Associação das Travestis, Transexuais e Transgêneros (ASTRA RIO), organização de abrangência estadual com associadas em todo o estado do Rio de Janeiro, cuja missão objetiva: organizar, associar e atender as demandas da população de Travestis, Transexuais e Transgêneros deste estado,assim como promover a cidadania e defender os direitos destes segmentos, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.

Vem por meio desta manifestar publicamente seu pesar pelo falecimento de uma de suas sócias fundadoras a Sra Andréa Albertine falecida dia 9 de julho de 2009 em Mauá SP , aos 22 anos, Andrea teve seu contato com esta instituição desde sua fundação quando ainda menor de idade residia sobre a guarda da nossa primeira presidente Hanna Suzart, tornando-se uma das sócias fundadoras.Seu grande sonho era a realização da cirurgia de adequação genital, para poder estudar, trabalha e ter uma vida “NORMAL”. Ainda menor enfrentou junto com Hanna toda desgastante e ultrajante batalha para poder terminar seus
estudos, a negativa de diversas escolas em aceita-la respeitando sua identidade de gênero foi o primeiro obstáculo, que mesmo após superado não foi o suficiente para garantir a permanência e a conclusão dos estudos; pois além do desrespeito cotidiano de professores e alunos, durante uma festa na escola a mesma foi cercada e impedida de participar por um grupo de “PAIS” de alunos que a insultaram e ameaçaram fazendo com que ela evadisse do ambiente escolar.

Embora tenha obtido notoriedade internacional , envolvendo-se no episódio com o jogador de futebol “Ronaldo”e julgada e enxergada por este episódio, é de desconhecimento de todos a sua garra e vontade em vida para que um dia pudesse ter sua auto-sustentabilidade longe das calçadas, Andrea tinha vários cursos concluídos e também foi minha aluna participando do projeto “DAMAS” da Prefeitura do RJ , projeto este que visava encaminhar Travestis e Transexuais ao mercado formal de trabalho, e foi muito bem avaliada.

Participou ativamente dos processos das Conferencia LGBT municipal e estadual como delegada , empenhada na construção de um futuro mais digno para nosso segmento.

A prostituição, o escândalo e achincalho público a que Andrea foi associada justa ou injustamente eu não sei, mas serve claramente para avaliar a mola que impulsiona o trágico processo de exclusão de Travestis e Transexuais que depois de assumirem sua identidade na maioria das vezes se percebem menores sozinhos, que encontram no sub mundo da prostituição sua única forma de auto sustento e na sociedade uma sucessão de portas fechadas que impedem sua acensão inclusão e desenvolvimento.

Para nós Diretoras e associadas da ASTRA RIO , ela foi e sempre será uma irmã como todas que fazem parte deste colegiado de Travestis e Transexuais guerreiras que merecem nosso respeito carinho e deferência por sua luta e sua coragem de existirem na sua verdade , mesmo pagando tantos e altos preços.

Oramos que Deus a receba de forma diferente a que foi tratada em sua passagem aqui na Terra, pois ela a receberá com a verdadeira isonomia de tratamento , onde nossa irmã Andrea descansará em paz, aqui fica para os amigos e sua família Mãe e Irmãos ( com quem ela se relacionava muito bem ) a tristeza e o vazio , mas também a certeza do
dever da continuidade da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Aos meios de imprensa, exponho minha decepção por ve-los em sua grande maioria cometendo os mesmos desrespeitos de sempre seja a sua identidade de gênero ou com a suposta causa mortis, esperamos que as Travestis e Transexuais possam ser retratadas com respeito a sua identidade feminina e a sua condição de cidadã brasileira.

Vá com Deus, Companheira
Sem Mais,

Majorie Marchi
Presidente ASTRA RIO
Assinam Junto:
Diretoria ASTRA RIO
Associadas ASTRA RIO
Conselho Fiscal ASTRA RIO


Andréa chegou a participar de uma reunião do Terças Trans. Ficou de voltar na próxima reunião, mas não deu tempo. Respeitaremos a sua identidade de gênero, como transexual feminina, e continuaremos sempre repudiando toda e qualquer manifestação transfóbica por parte da mídia. A visão que queremos conservar de Andrea é a de uma menina como qualquer outra que precisava de apoio e tinha vontade de mudar de vida.

Alessandra Saraiva
STT - APOGLBT SP

quarta-feira, 8 de julho de 2009

MÊS DE JULHO - TERÇAS TRANS ESPECIAL - MÊS DA SAÚDE TT

23.06.2009 - Silicone Líquido! Onde mora o perigo? Cinedebate: filme Bombadeira.








Muitas pessoas vieram prestigiar a reunião de hoje. Começamos com a exibição do filme Bombadeira de Luiz Carlos de Alencar que fala sobre a vida das travestis em Salvador e também da sua relação com o silicone líquido e com as bombadeiras (a pessoa que injeta o silicone líquido e modela o corpo da paciente).

O filme em já fala por si. São cenas fortes e reais que ilustram bem a realidade de quem vive lado a lado com a exclusão social. Os procedimentos "cirurgicos" de injeção de silicone industrial são altamente dolorosos e sem nenhum tipo de aparato emergêncial. E fica então a pergunta: pq o uso de silicone industrial é tão comum no meio das Travestis, se sabemos os riscos que estamos correndo? - que são muitos!

O uso do silicone industrial é decorrente da necessidade da travesti e da transexual de alterar o seu corpo e adequá-lo a sua realidade psiquica. Sem condições financeiras que banquem os altos custos cirurgicos e ainda o enfretamento do preconceito da classe médica, não resta alternativa senão apelar para o uso do produto, que é tóxico e causa sérios danos a saúde.

No filme, histórias de pessoas que usaram, que se deram relativamente bem, que se deram muito mal, e também de parceiros de travestis que morreram por conta da aplicação de silicone.

No salão de reunião, uma trans nos conta como foi a sua experiência com o silicone líquido e o quanto foi discriminada no sistema de saúde público por conta disso. Devido ao desconhecimento, muitos médicos a trataram com descaso e indiferença. Ou de maneira extraordinária causando constrangimento. Mais uma vez citamos a questão do nome social como um obstáculo ao acesso à saúde por parte desta população.

O tempo se foi em meio ao relato, mas ficamos de conversar mais sobre o assunto durante as próximas reuniões. Este assunto não é novidade, mas ainda há muito o que dialogar, principalmente com os gestores de saúde, tendo em vista o desconhecimento da classe médica sobre as nossas demandas.

Nos encontramos na próxima!!

09.06.2009 - TRAVESTIS






















A reunião desta terça contou com a participação de Keila Simpsom, ex presidente da ANTRA - Articulação Nacional de Travestis e Transexuais.

A reunião começou com a pegunta: quem se sente/identifica como travesti?

Duas pessoas levantaram a mão e elas falaram o por que se identificam desta maneira e das suas experiências de como é assumir e ser travesti.

Quebrando todos os preconceitos e estigmas, nossas colegas demonstram o quanto ser travesti não está intimamente ligado ao fetiche, muito menos a marginalidade. Buscam explicar o quanto a construção do feminino pode se dar de maneira integral e gerar orgulho, mesmo que adimitam a presença constante da exclusão.

Keila contou de suas experiências de vida e de como superou muitas vezes o ataque da própria policia. Renatinha, também militante, contou da sua experiência de assumir depois dos 40 anos e como isso teve um impacto positivo na sua vida. Ambas tem orgulho de ser Travesti.

Ainda assim, fiquei perplexa de notar como no nosso grupo, que é um grupo relativamente grande, só temos duas travestis realmente assumidas, sendo que uma era convidada de fora do estado. Longe de discriminar quem quer que seja, usamos esta deixa para dialogarmos sobre a questão. Surgiu então uma discussão sobre o termo TRANSEX, super usado hoje em dia pela mídia e também a distância que existe do diálogo produzido pela militância TT e o usado pelas travestis em geral.

Quem seriam as Transex? Seria uma forma de burlar o preconceito e assumir uma identidade menos marginalizada do que o termo travesti? Seria uma indecisão da pessoa, quando ainda não sabe se é travesti ou transexual e neste meio-tempo se denominaria Transex? Ou seria uma influência midiática que cria um novo conceito do que é Travesti, ainda fugindo do estigma marginalizado e da prostituição?

Fica um assunto para ser comentado aqui no TLog.

Esperamos a participação de mais travestis no grupo, que possam dar suas opiniões sinceras e interagir com xs demais participantes. Só assim podemos compreender umas as outras e replicar nossas falas no sentido positivo, para que possamos viver em harminia e não em disputas que não nos levarão a nada.

Encontramos vocês no próximo!

26.05.2009 - O que queremos para nossa Saúde?






















A Proposta desta reunião foi abrir um canal de diálogo com a direção do Centro de Referência e Treinamento - CRT, responsável pela criação do Ambulatório de Travestis e Transexuais do Estado de São Paulo.

Recebemos a visita em massa da equipe do CRT interessada em nos ouvir e usar das nossas informações para construção do Ambulatório.

Conversamos sobre como queremos ser tratadas e tratados de forma respeitosa, precisamos de hormônios, orientação em relação as consequências do uso de silicone industrial, exames laboratoriais, encaminhamento a especialistas que não discriminem, e diversos serviços que estão disponíveis nos demais postos de saúde, porém, com atendimento diferenciado, respeitando a identidade de gênero da paciente!!

Tava na hora de São Paulo ter um espaço de acolhimento como este.

Porém, a medida causa polêmica. Foi levantado na reunião se a criação do ambulatório não seria discriminatória. Discutimos e a maioria concorda que, tendo em vista que nenhum outro espaço de saúde oferece o real acolhimento desta população, há necessidade da criação deste espaço. Entendemos também que está é uma iniciativa e que a proposta é transformar as demandas em Politicas públicas. Assim, todo o sitema passa a atender as TTs de maneira uniforme e respeitosa.

Outra questão polêmica que surgiu foi a questão do Ambulatório estar ligado ao programa de DST/AIDS que associa a imagem das Pessoas Trans à AIDS somente. A argumentação levantada pela equipe do CRT é que por conta disto, eles já tem experiência no atendimento desta população, o que faz com que o público encontre o acolhimento necessário.

O ambulatório inaugurou no dia 09 de junho com a presença do Governador do Estado, da Diretoria do Ambulatório - que está de parabéns no acolhimento oferecido e na preocupação com a população e também de Alessandra Saraiva, coordenadora do Terças Trans.

Quem foi - e nos deu retorno, aprovou!

Ambulatório para Travestis e Transexuais
Rua Santa Cruz, 81, Vila Mariana
Segunda a sexta-feira das 14h às 20h
Tel: (11) 5087-9831 / 5087-9833