terça-feira, 26 de maio de 2009

ABPS e RONALDO PAMPLONA

A ABPS convida você a participar no próximo dia 29 de Maio - das 20h00 às 22h00,
da vivência "Psicodrama (de alguns) dos Onze Sexos - homossexual, travesti e transexual"
que será dirigida por Dr. Ronaldo Pamplona.

Interessados se inscrevam com antecedência e até 28/5,
pelos fones (11) 5571.2602, 5575.5994 ou pelo e-mail abps@abps.com.br


Tudo que queriamos dizer!!!



Este video é fantástico!! Digam lá se não é tudo que queriamos dizer aos LGBTfóbicos!! Beijos,

Belo video de Thalia Kaminsch

Você concorda com o Drauzio?!





DRAUZIO VARELLA - Folha de São Paulo - 11/04/09

Homens que são mulheres

A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens.

DE TODAS as discriminações sociais, a mais pérfida é a dirigida contra os travestis.
Se fosse possível juntar os preconceitos manifestados contra negros, índios, pobres, homossexuais, garotas de programa, mendigos, gordos, anões, judeus, muçulmanos, orientais e outras minorias que a imaginação mais tacanha fosse capaz de repudiar, a somatória não resvalaria os pés do desprezo virulento que a sociedade manifesta pelos travestis.

Quem são esses jovens travestidos de mulheres fatais, que expõem o corpo com ousadia nas esquinas da noite e na beira das estradas?

Apesar da diversidade que os distingue, todos têm em comum a origem: são filhos das camadas mais pobres da população.

A homossexualidade é tão velha quanto a humanidade, sempre existiu uma minoria de homens e mulheres homossexuais em qualquer classe social; caracteristicamente, no entanto, travestis só aparecem nas famílias humildes.

Na infância, foram meninos com jeito afeminado que, se tivessem nascido entre gente culta e com posses, poderiam ser profissionais liberais, artistas plásticos, empresários, costureiros, atores de sucesso. Mas, como tiveram o infortúnio de vir ao mundo no meio da pobreza e da ignorância, experimentaram toda a sorte de abusos: foram xingados nas ruas, ridicularizados na escola, violentados pelos mais velhos, ouviram cochichos e zombarias por onde passaram, apanharam de pais e irmãos envergonhados.

Em ambiente tão hostil poucos conseguem concluir os estudos elementares. Na adolescência, com a autoestima rebaixada, despreparados intelectualmente, saem atrás de trabalho. Quem dá emprego para homossexual pobre?

Se para os mais ricos com diploma universitário não é fácil, imagine para eles. O máximo que conseguem é lugar de cozinheiro em botequim, varredor de salão de beleza na periferia ou atividade semelhante sem carteira assinada.

Vivendo nessa condição, o menino aprende com os parceiros de sina que bastará hormônio feminino, maquiagem para esconder a barba, uma saia mínima com bustiê, sapato alto e um bom ponto na avenida para ganhar numa noite mais do que o salário do mês.

Uma vez na rua, todo travesti é considerado marginal perigoso, sem nenhuma chance de provar o contrário. Pode ser preso a qualquer momento, agredido ou assassinado por algum psicopata, que nenhum transeunte moverá um dedo em sua defesa. "Alguma coisa ele deve ter feito para merecer", pensam todos.

Levado para a delegacia irá parar numa cadeia masculina. Como conseguem sobreviver de sainha e bustiê em celas com 20 ou 30 homens, numa situação em que o mais empedernido machão corre perigo, é para mim um dos mistérios da vida no cárcere, talvez o maior deles.

A condição de saúde dos travestis é precária. Não existe um serviço de saúde com endocrinologistas para orientá-los a respeito dos hormônios femininos que tomam por conta própria. Muitos injetam silicone na face, nas nádegas, nas coxas, mas sem dinheiro para adquirir o de uso médico, fazem-no com silicone industrial comprado em casa de materiais de construção, injetado por pessoas despreparadas, sem qualquer cuidado de higiene. Com o tempo, esse silicone impróprio escorre entre as fibras musculares dando origem a inflamações dolorosas, desfigurantes, difíceis de debelar.

Ainda os portadores do vírus da Aids encontram algum apoio e assistência médica nos centros especializados, locais em que os funcionários estão mais preparados para aceitar a diversidade sexual. Nos hospitais gerais, entretanto, poucos conseguem passar da portaria, barrados pelo preconceito generalizado, praga que não poupa médicos, enfermeiras e pessoal administrativo.

Os hospitais públicos deveriam ser obrigados a criar pelo menos um posto de atendimento especializado nos problemas médicos mais comuns entre os travestis. Um local em que pudessem ser acolhidos com respeito, para receber orientações sobre uso e complicações de hormônios femininos e silicone industrial, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro.

A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens, só porque eles decidiram adotar a identidade feminina, direito de qualquer um. Quem somos nós para condená-los?

Que autoritarismo preconceituoso é esse que lhes nega acesso à assistência médica, direito mínimo garantido pela Constituição até para o criminoso mais sanguinário?


Fiz os grifos apenas por conta do gênero das palavras, mas gostaria que dessem a opinião de vocês, pq considero o texto muito bom, apesar de ainda faltar conhecimento em relação a questões de gênero. Me digam meninas o que pensam sobre o discurso??!! Na foto, as meninas de Campinas no evento do Dia da Visibilidade Travesti, em janeiro! Beijos,

domingo, 24 de maio de 2009

Solidão... Dá um tempo....


Hoje o tema era bem terapeutico. Era uma oportunidade de abrir o coração e nos ajudarmos com nossas experiências.

Solidão é um tema difícil. Ninguém quer encarar de frente este sentimento que com certeza nos remete a dor.

O exercício proposto trouxe uma série de frases, famosas ou cotidianas, sobre solidão e os participantes tinham que recolher no máximo duas que lhes idicasse o momento em que estavam passando.

Neste primeiro momento, todos leram suas frases e disseram o pq haviam se identificado com elas. Em seguida, tínhamos que dizer com quem nos identificamos e trocar experiências pessoais.

Num terceiro momento, passamos a dar conselhos uns para os outros e finalizamos buscando responder a pergunta: como lidamos com a nossa solidão!!

Muitas são as alternativas para não se sentir tão só. Muitas vezes somos nós mesmxs que criamos muros ao invés de pontes, outras vezes precisamos de um tempo para nós e isso é super válido.

Muitxs de nós, ouvimos música, assistimos tv, lemos, criamos, escrevemos, aproveitamos o momento em que estamos sozinhxs para fazer algo, muito antes que a solidão chegue e se aloje. Por isso, procure um amigo, procure fazer uma coisa que normalmente não faria se estivesse com mais alguém e principalmente páre tudo e vasculhe o seu ser em busca de si mesmx.

Solidão... Dá um tempo....

Beijãooo, encontro com vocês na terça que vem!!

Travestis e Transexuais: essa mistura dá certo?!


Começamos a reunião dividindo em dois grupos. (É, está crescendo, tinha bastante gente!). O exercício era listar as diferenças e semelhanças entre Travestis e Transexuais. Os grupos em separado começaram a discutir suas idéias e óbvio, encontraram muitas dificuldades em rotular, generalizar, separar e definir as coisas.

Foi proposital não conceituar, pq para diferenciarmos duas coisas, precisamos saber o que são estas duas coisas. Resultado? Nenhum consenso sobre isso.
Porém, depois de muita discussão, chegamos a conclusão de que ambxs sofremos com o preconceito e queremos respeito. E sem sombra de dúvida, nos falta muito Repeito. E não é só o que vem das pessoas não trans, mas de todxs nós.

Se aprendermos a respeitar nossos sentimentos e compreender que os sentimentos alheios são diferentes dos nossos e respeitar isso, qualquer mistura dará sempre certo!!

Reunião muito, muito boa, agradeço muito por todxs que participaram!!

Beijos,

Pensem nas Crianças mudas telepáticas...

Acabei de ver uma matéria sobre uma criança Trans americana que passou na Rede Record, no domingo espetaculoso. Espetaculoso, pq mais sensacionalismo seria impossível. Assisti a matéria com muita dor no coração. Dor de saber que estamos muito longe ainda de nos compreenderem e nos deixarem sermos felizes.

Eu fui uma criança trans que encontrou nos pais um apoio. O que mais tenho ouvido das meninas e meninos que me procuram é "eu me sinto assim desde pequeno", ou "eu me sinto assim desde que me entendo por gente", ou mesmo "foi sempre assim". Ora, vamos parar de hipocrisia. Eu tive consciencia da minha condição feminina a vida toda e o fato de não poder me assumir mais cedo me trouxe tantos sofrimentos desnecessários e carrego traumas até hoje de tanta brutalidade e ignorância, até daqueles mesmos que, com discurso moralista e intensão de ajudar, acabaram de colocar mais uma pedra na porta do meu caixão íntimo.

Tenho certeza que temos várias Trans de 40, 50 anos, machos, casados e heteronormativos, morrendo de dor na consciencia e cheias de neuroses, por não ter conseguido se assumir e dizer o que realmente são. Imaginem o que é passar uma vida inteira mentindo para si e para o mundo, não podendo ser o que realmente é?! Difícil!! Altamente dolorido. Culpa, aberração... Não gente, fácil falar, dificil compreender...

Encontrei milhões de erros na matéria. Primeiro que não se trata de um menino que quer virar menina. Trata-se se uma menina trans, criança, que quer assumir seu gênero feminino. E ainda bem que essa mãe está sabendo apoiar, pois a pequena trans, cujo nome de batismo é Cameron, enforcou-se com um cinto por não poder assumir-se na escola como menina. Para ficar pior, outra criança trans, tbm de nome civil Cameron, suicidou-se pelo mesmo motivo, tudo nesta semana que passou. E ai gente?? Vamos continuar fechando nossos olhos? Ou vamos dizer que crianças de 10 anos não tem discernimento nem capacidade para cometer suicídio??


Cameron McWilliams cometeu suicídio pq queria se assumir menina e não podia.

Olha, que eu me lembre, pensei em me suicidar quase que diariamente. Não sabia como fazer isso, e tinha medo que não adiantasse, pq eu sou espírita e acredito na sobrevivencia do espírito. (Pior que viver aquele pesadelo, era viver no vale dos suicidas... enfim...), bem não me suicidei, mas também não vivi! Ainda bem que em casa brincava de bonecas e podia usar umas roupas de menina escondidas no meu quarto. Isso ameniza bastante a depressão. (Ou vão dizer que criança também não tem discernimento para sentir depressão?)

Fiquei perplexa com a idéia de que OPTAMOS, ou ESCOLHEMOS nossa sexualidade. Pelamordideus... Quando é que a gente vai parar com essa baboseira de achar que chegamos numa bela manhã de domingo e "ai, cansei, quero ser mulher". Não funciona assim, SEXUALIDADE NÃO SE ESCOLHE, SE DESCOBRE!! É muito fácil jogar uma responsabilidade deste tamanho para uma criança de 10 anos, dizendo que ela está optando por uma vida infeliz, quando na verdade ela está desesperada tentando sair da infelicidade que se encontra.

Se seu filho é uma criança muito afeminada, ou sua filha uma criança muito masculinizada, pode ser que ela seja um caso de Criança Trans. Que ela precise do dobro do seu amor e carinho e principalmente da sua compreensão. Pq é muito difícil para nossa cabeça compreender o mundo e os porques da nossa realidade incongruente.

Pare de se culpar e culpar a criança. Pare de colocá-la de castigo. Pare de gritar com ela, e principalmente de impor um universo do qual ela não faz parte e um gênero do qual ela não pertence, pq você estará criando um andróide, um mentiroso, uma pessoa infeliz! Sente para conversar com seu filho. Não consegue ouvir o que ele tem a dizer? Procure um profissional, procure o grupo de apoio como o nosso, você verá que a terapia maior é pra você que é mãe, que é pai, pq a criança apenas sente. O sofrimento dela é de NÃO PODER SENTIR e pior NÃO PODER SER! Não há culpados, é natural o que sentimos.

Por fim, fico arrasada com a escola que vetou a participação da criança assumindo o seu gênero. Uma escola religiosa. Isso me entristece muito, pq se Jesus voltasse a Terra, com certeza mais uma vez diria... Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem!!

Beijos indignados,

Alessandra Saraiva,
Coordenadora Terças Trans.